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FLVXO MILENVR

FLVXO MILENVR

“Abro meus braços pra voar, assim como a pipa que não se fecha nem pra subir. Olho pro céu que fica mais perto do que parece e dedico o meu sonho pra cada moleque que tentou sonhar, mas não tá aqui.”

A FLUXO MILENAR é uma coleção fundamentada no Afrofuturismo, onde foi criada para falar sobre a celebração da existência dos corpos pretos e marginalizados em um futuro onde a periferia tem suas raízes culturais valorizadas e respeitadas. Mas, como podemos apresentar algo para celebrar nossa existência, quando o processo de desenvolvimento da coleção é absolutamente doloroso, partindo de uma perspectiva de pessoas periféricas inseridas dentro de uma indústria pronta para nos engolir e que a cada dia destrói nossa saúde mental? 

Nos exigem o perfeito, querem o melhor, sem nos dar os recursos e ferramentas para trabalhar. Nos querem ver no jogo, mas não colocam as cartas na nossa mesa. Eles ‘’abrem as portas’’ para ceder um espaço que jamais teria o nosso nome reservado, mas não fazem de nada para garantir a permanência desses corpos lá dentro. 

O que faz com que a gente se manifeste, é justamente todas as razões pelas quais qualquer pessoa inserida no mundo da moda percebe, vê, sente, mas não se pronuncia. E não os culpamos por isso, pois sabemos que se rebelar, e denunciar podem te impedir de conseguir emprego, de manter teu negócio de pé, garantir seu cachê e ser respeitado. 

O que fizemos, exigiu de nós muita coragem. Arriscamos tudo o que construímos até aqui, pois alguém precisava falar, alguém precisava fazer, e levar o grito que está entalado em muitas pessoas dentro e fora do mercado da moda. Queremos mudanças imediatas, e mesmo que a desigualdade e a estrutura racista não parta da gente, infelizmente somos nós os responsáveis pela ruptura de um sistema para que possamos trabalhar e viver com dignidade. Não dá pra esperar mudanças de quem quer nos ver apenas nas margens, ela vai partir de nós, e começou agora!

 

Decidimos apresentar a coleção que celebra nossa existência em partes, sendo a primeira uma construção que evidencia, na prática, o povo preto periférico transformando as angústias e dores que uma sociedade institucionalizada no racismo promove, em arte pura e significativa.

O primeiro elemento desta coleção é a pipa, que decora os céus periféricos e dificilmente faz presença em regiões centrais, sendo assim parte da cultura e estética das quebradas desde seu surgimento. Papéis de seda, varetas de bambu, rabiolas de saco plástico, linhas de algodão e demais acessórios são materiais que não só representam o desenvolvimento de diversas crianças em criar suas próprias pipas mas também ferramentas que às permite olhar para o alto e mesmo com os pés no barro, chegar mais perto do céu. 

O funk é a ferramenta que devolve a autoestima para o nosso povo. Ele é o grito latente de sonhos que nascem nas ruas. É através dessa batida que a periferia encontra força para expressar em movimentos a realidade do cotidiano dentro de becos e vielas de uma favela. O funk é a trilha sonora da favela do futuro, é o ritmo do Fluxo Milenar.

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